O governo paraguaio confirmou as datas para o início das intervenções administrativas nas prefeituras de Assunção e Ciudad del Este. A ação começará em momentos distintos: Ciudad del Este na segunda-feira (23) e Assunção na terça-feira (24), para permitir que o ministro do Interior, Enrique Riera, acompanhe pessoalmente os dois processos.
Com duração prevista de 60 dias, a intervenção será conduzida por representantes nomeados pelo presidente Santiago Peña: Carlos Pereira em Assunção e Ramón Ramírez em Ciudad del Este. Durante o período, os interventores assumirão a administração municipal e deverão apresentar, ao final, um relatório detalhado sobre as possíveis irregularidades identificadas pela Controladoria Geral da República.
De acordo com o jornal ABC Color, o controlador-geral Camilo Benítez Aldana fundamentou o pedido de intervenção citando “irregularidades graves na execução orçamentária” nas duas cidades. Em Assunção, destaca-se o uso de recursos provenientes de endividamento para cobrir despesas correntes, o que é vedado por lei. Já em Ciudad del Este, o problema teria sido a destinação de verbas públicas a ONGs e comissões de bairro sem documentação comprobatória.
O relatório da Controladoria foi analisado pela Câmara dos Deputados, que aprovou a intervenção com maioria dos votos — incluindo apoio de alguns parlamentares oposicionistas, embora muitos tenham optado por se abster.
Prefeitos rebatem acusações
Óscar Rodríguez, prefeito afastado de Assunção, declarou estar tranquilo e fortalecido, afirmando que não cometeu nenhuma irregularidade. Já Miguel Prieto, prefeito de Ciudad del Este, afirmou que a intervenção é uma manobra política arquitetada pelo ex-presidente Horacio Cartes, com o objetivo de neutralizar sua possível candidatura à presidência. Ele acusou Cartes de liderar um “sistema narco” operando a partir da Avenida España, onde fica a residência do ex-mandatário.
Caso os relatórios finais dos interventores confirmem as irregularidades, caberá à Câmara dos Deputados decidir, por maioria absoluta, se os prefeitos serão destituídos. Até lá, permanecem apenas suspensos de suas funções.
Caso haja cassação, o cargo será assumido provisoriamente por um membro da Junta Municipal, que comandará a prefeitura até a realização de uma eleição suplementar para o restante do mandato.
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